sábado, 17 de outubro de 2009

Drops do fim de semana


O rouge virou blush.

O pó-de-arroz virou pó-compacto.

O brilho virou gloss.

O rímel virou máscara incolor.

A Lycra virou stretch.

Anabela virou plataforma.

O corpete virou porta-seios.

Que virou sutiã.

Que virou lib.

Que virou silicone.

A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento.

A escova virou chapinha.

‘Problemas de moça’ viraram TPM.

Confeti virou M&M.

A crise de nervos virou estresse.

A chita virou viscose.

A purpurina virou gliter.

A brilhantina virou mousse.

Os halteres viraram bomba.

A ergométrica virou spinning.

A tanga virou fio dental.

E o fio dental virou anti-séptico bucal.

Ninguém mais vê…

Ping-Pong virou Babaloo.

O a-la-carte virou self-service.

A tristeza, depressão.

O espaguete virou Miojo pronto.

A paquera virou pegação.

A gafieira virou dança de salão.

O que era praça virou shopping.

A areia virou ringue.

A caneta virou teclado.

O long play virou CD.

A fita de vídeo é DVD.

O CD já é MP3.

É um filho onde éramos seis.

O álbum de fotos agora é mostrado por email.

O namoro agora é virtual.

A cantada virou torpedo.

E do ‘não’ não se tem medo.

O break virou street.

O samba, pagode.

O carnaval de rua virou Sapucaí.

O folclore brasileiro, halloween.

O piano agora é teclado, também.

O forró de sanfona ficou eletrônico.

Fortificante não é mais Biotônico.

Bicicleta virou Bike.

Polícia e ladrão virou counter strike.

Folhetins são novelas de TV.

Fauna e flora a desaparecer.

Lobato virou Paulo Coelho.

Caetano virou um chato.

Chico sumiu da FM e TV.

Baby se converteu.

RPM desapareceu.

Elis ressuscitou em Maria Rita?

Gal virou fênix.

Raul e Renato,

Cássia e Cazuza,

Lennon e Elvis,

Todos anjos

Agora só tocam lira…

A AIDS virou gripe.

A bala antes encontrada agora é perdida.

A violência está coisa maldita!

A maconha é calmante.

O professor é agora o facilitador.

As lições já não importam mais.

A guerra superou a paz.

E a sociedade ficou incapaz…

…. De tudo.

Inclusive de notar essas diferenças.

(Luiz Fernando Veríssimo)

2 comentários:

  1. Uma frase, uma meditação...

    E o tempo sempre muda, sempre passa...

    Tudo passa... sempre!

    Bjim

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  2. Só não passa o amor que uma mãe sente por seus filhos. O resto...

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